E repente, percebo assustada que posso tudo, desde desviar dinheiro público, flagelando milhares de seres humanos, posso fumar maconha, dar uma cheiradinha básica no pozinho da felicidade, transar sem limites e na mesma proporção fazer os abortos necessários, dormir com o marido de minha melhor amiga, pensar e fazer tudo que me vier a cabeça, desde que em público e nos meus escritos e falas, eu seja, a dona certinha com uma narrativa, politicamente correta, mesmo que todos saibam a imensa farsa que represento, afinal, o que interessa na era atual, não é o que você é ou faz, mas o que você exibe.
Puts Grila, e quando é em nome de Deus, ainda fica mais convincente.
Nunca precisei ser tão falsamente polida, tão artificialmente educada, tão abusadamente camuflada para não dizer o que penso e a isto, chamam de liberdade e sociabilidade.